WHATSAPP E AS NOVAS GEOGRAFIAS DE CUIDADOS:
O CASO DE BETE

O WhatsApp permite, por exemplo, que Bete, de 66 anos, continue morando sozinha em Bento (nome fictício da região em São Paulo onde se situou a pesquisa de campo dessa tese) enquanto sua única filha mora com o neto em Barcelona. As duas criaram um procedimento diário que mescla cuidado e vigilância.

Todos os dias, Bete tem até as dez horas da manhã para mandar uma mensagem para a filha avisando que passou bem a noite e que está tudo bem. Caso a mensagem não chegue e a Bete não responda, a filha aciona sua rede de amigos em São Paulo para checar se sua mãe está bem.

Bete recorda que, quando sua filha foi para o exterior para concluir a pós-graduação, suas amigas disseram que ela a havia abandonado. Hoje, entretanto, ao avaliar as queixas das amigas em relação às filhas, ela conclui que, mesmo de longe, a filha dela é a mais presente e a mais disponível.